Segundo especialistas, mistura pode afetar e causar danos ao funcionamento do motor em alguns carros
A Câmara dos Deputados aprovou uma medida que pode impactar diretamente o bolso dos consumidores brasileiros: o aumento do teor de etanol na gasolina para até 35%. O projeto de lei, proposto pelo deputado Arnaldo Jardim do Cidadania-SP, visa uma significativa elevação em relação à margem atual de 27,5%.
Intitulado “Combustíveis do Futuro”, o projeto também contempla a criação de programas nacionais para diesel verde, combustível sustentável para aviação e biometano. Além disso, propõe um aumento gradual no teor de biodiesel misturado ao diesel, com o objetivo de atingir 20% até 2030.
Os defensores da medida argumentam que ela é estratégica para fortalecer a matriz energética limpa e renovável do país. No entanto, a mudança pode ter implicações diretas para os consumidores. Com a possível elevação do teor de etanol na gasolina, os preços podem subir, especialmente durante períodos de entressafra, quando a produção do biocombustível é reduzida em favor do açúcar.
Apesar da aprovação pela Câmara dos Deputados, o projeto ainda precisa passar pelo Senado Federal para entrar em vigor. Portanto, o debate sobre os impactos econômicos e ambientais dessa medida está longe de acabar. Os consumidores brasileiros devem ficar atentos às possíveis mudanças nos preços dos combustíveis nos próximos meses.
Consequências de mais etanol na gasolina
No caso dos donos de carros flex, o motorista vai sentir o impacto apenas no bolso. No caso de carros somente a gasolina, problemas mecânicos também podem surgir.
“Para o flex, o consumo de combustível vai aumentar, considerando que o poder calorífico do etanol é menor”
Afirmou Gonçalves
Em outras palavras, o proprietário de um carro flex que enche o tanque com gasolina vai notar uma redução na autonomia total. Porém, a situação é mais complicada para carros a gasolina, especialmente os mais antigos.
“Alguns carros antigos não estão preparados para este teor de etanol. Podem acontecer ataques a materiais e corrosões de borrachas e elastômeros”, apontou o especialista. “Além disso, há suspeitas de que certos carros podem falhar por intervenção dos próprios sensores, que não reconhecem o combustível”.
O especialista lembrou que muitos veículos antigos foram calibrados para rodar com 22% de etanol na mistura da gasolina. Elevar a proporção a 35% vai exigir cautela, até mesmo sobre emissões.
“A solução seria disponibilizar aos donos de carros antigos um combustível com mais gasolina na mistura”, analisou Gonçalves. “O problema é que a gasolina premium é mais cara”.