Cardeais se reúnem sob rigoroso isolamento para eleger o novo líder da Igreja Católica; missa pede um pontífice que una fé, amor e comunhão em tempos difíceis
Espírito Santo e responsabilidade histórica
Na manhã desta quarta-feira (7), na Basílica de São Pedro, foi celebrada a missa Pro Eligendo Pontifice, cerimônia tradicional que marca o início do conclave — o processo secreto de escolha do novo papa. A homilia foi conduzida pelo cardeal decano Giovanni Battista Re, que aos 91 anos não presidirá o conclave, função que ficará a cargo do cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano.

Durante a missa, Re fez um apelo comovente: “Que seja eleito o papa que a Igreja e a humanidade precisam neste momento tão difícil e complexo da história”. O religioso também clamou pela luz do Espírito Santo para guiar os cardeais eleitores na decisão de tamanha responsabilidade.
Amor e comunhão: pilares do próximo pontificado
Na homilia, o cardeal destacou o amor como o maior mandamento cristão, lembrando o ensinamento de Jesus durante a Última Ceia: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. Segundo ele, o novo papa deverá ser exemplo vivo desse amor, encarnando a missão de Cristo na terra.
Re também reforçou que a missão do pontífice vai além da administração da Igreja: ele deve promover comunhão entre os cristãos, os bispos e as diferentes culturas do mundo, mantendo a fidelidade ao Evangelho. “A unidade da Igreja não significa uniformidade, mas comunhão sólida e profunda na diversidade”, afirmou.
Capela Sistina em isolamento: como funciona o conclave
Logo após a missa, os 133 cardeais com direito a voto se dirigiram em procissão à Capela Sistina, onde, sob isolamento total, iniciam as votações. Para garantir a confidencialidade, bloqueadores de sinal e varreduras anti-espionagem são aplicados. Não há qualquer contato com o mundo externo durante o processo.

A primeira votação está prevista para esta quarta-feira, com expectativa de que a fumaça da chaminé — símbolo do resultado — seja vista por volta das 14h (horário de Brasília). Se for preta, significa que não houve consenso. A fumaça branca, por sua vez, anuncia ao mundo a eleição do novo papa.
Regras e rituais da eleição papal
Para ser eleito, o novo pontífice precisa conquistar pelo menos dois terços dos votos — o equivalente a 89 dos 133 cardeais. Serão realizadas até quatro votações por dia: duas pela manhã e duas à tarde.
Caso nenhuma decisão seja tomada até a 33ª ou 34ª votação, o conclave entra em segundo turno direto entre os dois cardeais mais votados. A expectativa, no entanto, é que o novo papa seja escolhido em poucos dias, como nas últimas eleições: Bento XVI e Francisco foram eleitos em apenas dois dias.
O que acontece após a eleição
Assim que um nome alcançar os dois terços exigidos, o eleito é questionado: “Aceita sua eleição canônica como Sumo Pontífice?”. Se aceitar, escolherá seu nome papal e será levado à chamada “Sala das Lágrimas”, onde vestirá pela primeira vez os paramentos papais.
A seguir, a fumaça branca será liberada da chaminé da Capela Sistina, e o cardeal mais jovem anunciará ao mundo: Habemus Papam! Em instantes, o novo líder da Igreja Católica surgirá na sacada da Basílica de São Pedro para conceder a bênção Urbi et Orbi.

Infográfico: o que significa cada item no traje dos cardeais

Um novo tempo para a Igreja
A expectativa pelo novo pontífice é grande, tanto dentro da Igreja quanto entre os fiéis de todo o mundo. O cardeal Re expressou esse anseio ao pedir um papa “segundo o coração de Deus”, capaz de reavivar a fé num mundo cada vez mais tecnológico e, ao mesmo tempo, distante de valores espirituais.
Enquanto o mundo aguarda a fumaça branca, milhões se unem em oração para que o próximo papa seja um farol de esperança, comunhão e paz para a Igreja e para a humanidade.