A escala de trabalho 6×1 é amplamente utilizada no Brasil, especialmente em setores que exigem operações contínuas. No entanto, o modelo vem sendo questionado por parlamentares e movimentos sociais que defendem uma maior qualidade de vida para os trabalhadores. Confira como funciona essa jornada e o debate atual sobre a possibilidade de sua extinção.
O Que É a Escala 6×1?
De acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a jornada semanal de trabalho deve ter, no máximo, 44 horas. Uma das formas de dividir essas horas é a escala 6×1, onde o empregado trabalha por seis dias consecutivos e tem direito a um dia de descanso. Em geral, cada dia de trabalho nessa escala é de aproximadamente 7 horas e 30 minutos, totalizando as 44 horas semanais.
A empresa é responsável por definir quais serão os dias de trabalho e de descanso. Por exemplo, se o colaborador começa sua semana de trabalho na segunda-feira, seu dia de folga será no domingo; caso inicie na terça, a folga será na segunda, e assim sucessivamente. No entanto, a legislação exige que, a cada quatro a sete semanas, o trabalhador tenha uma folga no domingo.
Setores Que Mais Utilizam a Escala 6×1
A escala 6×1 é comum em setores que precisam manter operações ininterruptas, como:
• Indústria: para evitar paralisações na produção.
• Serviços essenciais: como farmácias, supermercados, restaurantes e hotéis, onde a demanda do público é contínua.
• Manutenção e limpeza: serviços que garantem a funcionalidade de locais que operam sem pausas.
Em alguns casos, há uma alternativa à escala 6×1, onde o funcionário trabalha 8 horas de segunda a sexta-feira e 4 horas no sábado, mantendo, ainda assim, a carga horária semanal.
Movimento Pelo Fim da Escala 6×1
A escala 6×1 tem sido criticada por limitar o descanso e o tempo livre dos trabalhadores. Liderado pelo vereador Rick Azevedo (PSOL/RJ), o Movimento Vida Além do Trabalho (VAT) surge como uma resposta a essas críticas, defendendo o direito a uma maior qualidade de vida. Segundo Azevedo, “ninguém pode viver tendo só um dia de folga” e o modelo atual remete a uma “continuação da escravidão”. O movimento propõe a substituição da escala 6×1 por um modelo que garanta mais dias de folga ao trabalhador.
Apoio e Propostas Legislativas
A discussão sobre o fim da escala 6×1 também chegou ao Congresso Nacional. A deputada federal Erika Hilton (PSOL/SP) apresentou um Requerimento de Audiência Pública (REQ 82/2024), aprovado pela Comissão do Trabalho, para discutir o tema. A audiência ocorreu em abril de 2024 e foi um passo importante para debater as condições de trabalho no Brasil.
A proposta vem ganhando força nas redes sociais e na sociedade civil, com um movimento que busca transformar o debate em uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC). Para isso, será necessário o apoio de pelo menos um terço dos deputados federais, o equivalente a 171 votos.
Discussão Social e Perspectivas Futuras
No último sábado, 9 de novembro, o debate sobre o fim da escala 6×1 se tornou o tema mais comentado na rede social X, refletindo o crescente interesse da população. A possibilidade de ampliar os dias de folga para os trabalhadores pode representar uma mudança significativa na qualidade de vida e no equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.
Embora o fim da escala 6×1 ainda dependa de avanços legislativos e de um apoio amplo na Câmara, a discussão segue ganhando força, com um número cada vez maior de pessoas apoiando uma jornada de trabalho mais flexível e humanizada.