Anúncio da plataforma destaca Incertezas e Impactos no Mercado Eleitoral para este ano
A decisão do Google de proibir a veiculação de propaganda política em sua plataforma de anúncios no Brasil, a partir de maio, desperta incertezas e coloca em evidência a relação entre plataformas digitais e a moderação de conteúdo. Especialistas consultados pelo GLOBO analisam os possíveis impactos dessa medida no mercado de anúncios eleitorais do país.
A gigante da tecnologia informou que atualizará sua política de conteúdo político do Google Ads, deixando de permitir a veiculação de anúncios políticos no Brasil. Essa decisão foi motivada pela atualização das regras para propaganda eleitoral feita pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em fevereiro.
A resolução 23.732, que define “conteúdo político-eleitoral”, foi considerada ampla demais pelo Google, tornando inviável a moderação dos anúncios que devem ser contratados durante o período eleitoral. A empresa destacou que essa iniciativa se refere ao Google Ads, plataforma utilizada para priorizar conteúdos em buscas, primeiras colocações e banners.
Para Bruna Santos, gerente de campanhas global na Digital Action, o gesto do Google reflete a dificuldade do setor de plataformas digitais em promover uma moderação de conteúdo efetiva. A Coalizão Direitos na Rede, que reúne entidades da sociedade civil e academia, lançou uma nota com elogios e críticas à resolução do TSE, destacando preocupações com possíveis consequências para o debate público.
Yasmin Curzi, pesquisadora do Centro de Tecnologia e Sociedade, oferece interpretações divergentes para a decisão do Google. Ela pondera que a medida pode contribuir para reduzir a disseminação de desinformação e manipulação eleitorais, mas também pode limitar a capacidade de pequenos partidos e candidatos menos estabelecidos de alcançar um público maior.
Para Caio Machado, diretor-executivo do Instituto Vero, a definição ampla de conteúdo político-eleitoral proposta pelo TSE coloca o Google em uma situação de difícil moderação, levando à decisão de proibir os anúncios políticos. Alexandre Rollo, advogado especializado em direito eleitoral, avalia como bem-vinda a atualização das regras pelo TSE e minimiza o impacto da medida, destacando que outras plataformas continuarão permitindo o impulsionamento de conteúdo político.
A decisão do Google surge em meio a debates sobre a responsabilidade das plataformas digitais na disseminação de conteúdos políticos e eleitorais, refletindo um movimento global de empresas de tecnologia em reavaliar suas políticas de moderação de conteúdo.