O governo federal está considerando reintroduzir o horário de verão ainda em 2024. A decisão, que pode ser anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nos próximos dias, surge em meio a uma seca histórica que afeta o país, agravada pela chegada de uma temporada de calor extremo. A medida, extinta em 2019, volta ao debate com a expectativa de reduzir a pressão sobre o sistema energético nacional.
O Cenário Atual: Seca e Alta Demanda Energética
A principal motivação para a retomada do horário de verão é o impacto da seca nos reservatórios das hidrelétricas, que são a principal fonte de energia no Brasil. Com a queda no nível dos reservatórios e o aumento do uso de aparelhos como ar-condicionado, a demanda por eletricidade dispara, principalmente nos horários de pico.
O calor intenso força as pessoas a utilizarem mais eletrodomésticos que consomem muita energia, o que agrava a situação. Dessa forma, o horário de verão poderia ser uma ferramenta para ajustar o consumo e evitar sobrecarga no sistema elétrico.
O Fim do Horário de Verão em 2019
Em 2019, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) optou por extinguir o horário de verão, alegando que o impacto na economia de energia era mínimo. Estudos da época apontaram que a medida não trazia benefícios expressivos em termos de redução de consumo energético, o que levou à decisão de abandonar a prática.
Agora, com um novo cenário climático e energético, a discussão retorna à pauta. Nos próximos dias, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o Operador Nacional do Sistema (ONS) devem apresentar novos estudos, mas a decisão final será política, já que o horário de verão afeta diretamente a rotina da população.
A Visão dos Especialistas
Especialistas têm opiniões divididas sobre a eficácia do horário de verão no cenário atual. Luciano Duque, professor e estudioso da área de energia, destaca que os hábitos de consumo mudaram nos últimos anos. Com o aumento do uso de ar-condicionado e ventiladores durante o dia, a economia que o horário de verão poderia proporcionar é considerada “insignificante”.
Já Claudio Sales, engenheiro e presidente do Instituto Acende Brasil, afirma que, embora a economia geral seja de apenas 0,5%, o horário de verão pode aliviar a demanda no início da noite. Segundo ele, o pico de consumo, que antes ocorria ao final do dia, agora se concentra mais no meio da jornada, especialmente por causa do uso contínuo de aparelhos como ar-condicionado.
— No fim da tarde, quando a geração de energia solar cai, fontes como hidrelétricas e termelétricas precisam suprir a demanda. Nesse momento, o horário de verão poderia ajudar a evitar um aumento brusco no consumo — explicou Sales.
Uma Decisão que Vai Além da Economia
O retorno do horário de verão não depende apenas de estudos técnicos. Trata-se também de uma decisão política, que envolve o bem-estar e a rotina dos brasileiros. Nos próximos dias, será possível conhecer as recomendações dos órgãos técnicos e, a partir daí, o governo tomará uma decisão que pode impactar tanto a vida cotidiana quanto o sistema energético do país.
Seja qual for a decisão, o debate em torno do horário de verão reforça a necessidade de soluções mais robustas para o gerenciamento do consumo energético em tempos de mudanças climáticas e demanda crescente por eletricidade.