No dia 16 de janeiro, Santa Catarina foi surpreendida por uma chuva intensa, que não se limitou a ser uma típica pancada de verão. O volume de água que caiu sobre o estado causou danos sem precedentes, com acumulados superiores a 200 milímetros em poucas horas, um número muito acima da média histórica para o mês de janeiro.
Estragos na Infraestrutura Urbana
A chuva causou alagamentos, deslizamentos de terra e o comprometimento de vias e moradias em diversas regiões de Santa Catarina. A cidade de Florianópolis, em particular, foi uma das mais afetadas. Pelo menos 20 bairros, incluindo João Paulo, Ingleses, Costeira do Pirajubaé e Santo Antônio de Lisboa, sofreram com os efeitos do temporal. A SC-401, principal via de acesso ao Norte da Ilha, ficou bloqueada por mais de 15 horas devido aos deslizamentos.
Impactos no Turismo e no Comércio Local
Em plena alta temporada, o turismo também foi severamente afetado. Várias praias ficaram cobertas de detritos, e a água invadiu comércios e vias públicas. A força da enxurrada arrastou veículos e móveis, interrompendo a rotina de turistas e moradores. Algumas regiões ficaram temporariamente inacessíveis, e pontos turísticos sofreram com o acúmulo de resíduos.
Histórias de Superação e Desespero Pessoal
O drama de muitos moradores ficou marcado por episódios de pânico e perdas materiais. Um exemplo é o de Edmilson Antônio Dias, de 74 anos, que teve seu carro destruído quando o asfalto cedeu no Caminho dos Açores. Com um histórico de problemas de saúde, Edmilson viveu momentos de desespero, lutando para se salvar das águas que invadiram seu carro. “Foi perda total”, relembra sobre o veículo, que foi destruído no buraco aberto pela chuva. Três meses após o incidente, ele ainda luta na Justiça para ser indenizado.

Marcas Físicas e Psicológicas: O Legado da Chuva
Moradora do Monte Verde, Lúcia de Fátima também sofre as consequências da chuva. A água subiu até as paredes de sua casa, destruindo móveis e roupas. “Vai tudo fora. A lama fica horrível”, lamenta. Por sua vez, Adriana Lauth Gualberto, que mora há 40 anos no Córrego Grande, destaca que o Rio Itacorubi transbordou, mas nunca de maneira tão devastadora. A tragédia deixou uma marca indelével na memória e na infraestrutura da cidade.

Recuperação da Cidade: Avanços e Desafios
Três meses após a chuva, a Prefeitura de Florianópolis segue com os trabalhos de recuperação. Segundo o secretário de Infraestrutura e Manutenção, Rafael Hahne, a cidade já restaurou as principais vias e intervenções estruturais. A pavimentação do Caminho dos Açores e a construção de muros na comunidade Nova Trento estão entre as obras concluídas. No entanto, bairros como Sambaqui, Cacupé e Santo Antônio ainda enfrentam desafios, e a previsão é que as obras estejam 100% concluídas até maio.
Foco na Prevenção e Preparação para o Futuro
A Prefeitura de Florianópolis também está focada em medidas preventivas para evitar novos desastres. A limpeza das redes de drenagem e o monitoramento das áreas de risco são fundamentais para reduzir o impacto de chuvas futuras. A atuação integrada de diferentes secretarias tem sido essencial para a recuperação da cidade, mas o trabalho preventivo permanece como prioridade para minimizar os danos em situações semelhantes.
Cidades Vizinhas Também Sofrem os Efeitos da Tempestade
A chuva de 16 de janeiro afetou não apenas Florianópolis, mas também outras cidades de Santa Catarina. Um total de 13 municípios decretaram situação de emergência, com alagamentos e danos generalizados. Biguaçu, por exemplo, enfrentou o bloqueio da BR-101 por mais de 80 horas, devido ao rompimento de uma galeria de água. A Defesa Civil estadual atuou rapidamente, distribuindo ajuda humanitária para as cidades afetadas.
Conclusão: A Luta Pela Recuperação e Prevenção
Embora a recuperação da cidade tenha avançado consideravelmente, o legado da chuva de 16 de janeiro ainda é visível nas cicatrizes físicas e psicológicas dos moradores e na infraestrutura urbana. Santa Catarina segue sua luta para restaurar a normalidade e garantir que a cidade e suas comunidades estejam melhor preparadas para o futuro, com foco em prevenção e manutenção das redes de drenagem para evitar novos desastres.