A perícia sobre o rompimento de um reservatório de água em Florianópolis, ocorrido em setembro deste ano, revelou a existência de erros durante a construção da estrutura e na fiscalização. Os resultados detalhados foram apresentados à comissão mista, estabelecida pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) para investigar o caso.
O incidente ocorreu em 6 de setembro no bairro Monte Cristo, na periferia de Florianópolis, quando mais de 2 milhões de litros d’água invadiram residências, ruas, lojas e veículos após o colapso da estrutura. Duas pessoas ficaram feridas, e 386 foram diretamente afetadas. O reservatório, de propriedade da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan), uma empresa pública.
O superintendente regional da Polícia Científica em Florianópolis, perito Cassiano Fachinello Bremm, apresentou as conclusões da perícia na terça-feira (21). O trabalho incluiu medições e a análise das discrepâncias entre o projeto original do reservatório e a execução realizada pela construtora.
O engenheiro responsável pela elaboração do projeto, Paulo Henrique Wagner, já havia indicado, em uma sessão anterior da comissão da Alesc em 7 de novembro, que a obra foi executada com cerca de 10 toneladas a menos de aço do que o planejado.
Segundo a Polícia Científica, não foram encontradas falhas evidentes no projeto, embora não seja possível descartar completamente falhas. No entanto, destacou-se uma “falha clara na execução do projeto, especialmente na armadura de ligação dos pilares com as cortinas de concreto [paredes]”. Também foi apontada uma deficiência na fiscalização, pois, segundo Bremm, “o erro era facilmente identificado”.

Rompimento
A principal causa do rompimento, conforme relatado pelo perito, estava nos estribos, executados de forma inadequada, com diâmetro menor e espaçamento maior do que o especificado no projeto, e nas barras de negativo, que deveriam ter 16 milímetros a cada 15 centímetros, mas não foram encontradas durante a perícia. A qualidade do concreto utilizado no reservatório também foi questionada, com resultados insatisfatórios de resistência em análises laboratoriais.
O que diz a Casan
A Casan declarou que aguardará a conclusão das investigações para se manifestar, enquanto a Construtora Gomes & Gomes LTDA afirmou não ter acesso aos laudos periciais. A Polícia Civil e o Ministério Público de Santa Catarina estão conduzindo investigações paralelas sobre o incidente. A comissão mista continuará a ouvir depoimentos e a apurar os fatos, com a próxima reunião agendada para a próxima terça-feira (28).
Fonte e fotos: G1/SC