Prefeita interina anuncia reformulação no atendimento
A prefeita interina de Florianópolis, Maryanne Mattos (PL), anunciou que o Restaurante Popular, fechado desde fevereiro de 2025, passará por uma reformulação no critério de atendimento e deixará de atender pessoas em situação de rua. A declaração foi feita nesta quinta-feira (10), durante entrevista ao programa Balanço Geral Florianópolis.
Segundo Maryanne, o restaurante será rebatizado como “Restaurante do Trabalhador e da Família”, voltado para famílias de baixa renda, crianças, estudantes e trabalhadores. Pessoas em situação de rua, que antes utilizavam o serviço, serão atendidas exclusivamente na Passarela da Cidadania.
Ela [pessoa em situação de rua] não precisa fazer uso de outro equipamento”
afirmou a prefeita interina.
Fechamento e problemas nos repasses de pagamento
O Restaurante Popular foi fechado em 22 de fevereiro, oficialmente para melhorias na estrutura e adequação do atendimento. No entanto, a empresa responsável pela administração, o Instituto Aminc, alegou que o fechamento foi causado por atrasos nos repasses financeiros, prejudicando o pagamento de funcionários.
Trabalhadores cobram cerca de R$ 1 milhão em salários e rescisões. Em resposta, Maryanne afirmou que o contrato não estava sendo cumprido e que a instituição não prestou contas corretamente.
A prefeitura precisa saber o que está pagando. Isso tudo está sendo estudado e mapeado pelo novo secretário da Assistência Social, Bruno Souza”
explicou a prefeita interina.
Defensoria Pública questionou fechamento na Justiça
O fechamento do restaurante gerou polêmica e levou a Defensoria Pública de Santa Catarina a ingressar com uma ação contra a prefeitura. O Núcleo de Cidadania, Igualdade, Diversidade, Direitos Humanos e Coletivos (NUCIDH) argumentou que a decisão falta planejamento e transparência, prejudicando grupos vulneráveis.
A defensoria destacou que a Passarela da Cidadania atende cerca de 400 pessoas por turno, enquanto o CadÚnico registra mais de 3 mil pessoas em situação de rua na cidade.
Justiça nega pedido para manter restaurante aberto
Na última sexta-feira (7), a juíza Luciana Pelisser, da 1ª Vara da Fazenda Pública da Comarca da Capital, negou o pedido da Defensoria para reverter o fechamento do restaurante.
A magistrada apontou que a reformulação do serviço foi motivada por questões estruturais e de segurança, considerando um levantamento da Associação Praça Olívio Amorim (APROA). O estudo indicou um aumento nas ocorrências policiais na região do restaurante, com registros de furtos, violência, vandalismo e apreensões de armas brancas.
Apesar da decisão, a Defensoria ainda pode recorrer. Enquanto isso, a prefeitura mantém a previsão de reabertura do restaurante dentro de 90 dias, mas sem o atendimento às pessoas em situação de rua.