Nas últimas semanas, as redes sociais e grupos de aplicativos de mensagens têm sido palco de um crescente número de cobranças e queixas por parte de funcionários e prestadores de serviços do Hospital de Biguaçu. As alegações giram em torno de supostos atrasos no pagamento de verbas trabalhistas e serviços prestados.
A São Camilo, entidade responsável pela gestão do hospital, atribui a falta de pagamento à ausência de repasses financeiros por parte da Prefeitura de Biguaçu. De acordo com a organização, essa falta de repasses está diretamente relacionada à impossibilidade de saldar as despesas em dia.
No entanto, a Prefeitura de Biguaçu refuta essa acusação, afirmando que a São Camilo não tem apresentado as prestações de contas conforme exigido pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). Segundo a administração municipal, a falta de transparência na aplicação dos recursos públicos e a ausência de informações detalhadas sobre os serviços prestados pelo hospital justificam a retenção dos valores destinados à unidade.
Fontes ligadas à Secretaria Municipal de Saúde destacam que não há clareza sobre a relação de profissionais atuando na unidade, sejam terceirizados ou celetistas, bem como sobre o volume de serviços de saúde oferecidos, como exames, consultas e cirurgias. Essas lacunas tornam o hospital uma verdadeira “caixa preta”, nas palavras dos representantes da Secretaria.
A opacidade na gestão do hospital não é uma questão recente. Há tempos, a falta de transparência e a negativa constante de acesso à população têm colocado em xeque a administração. Além disso, a entidade é criticada por pagar altos salários, especialmente à diretoria, sem uma contrapartida proporcional na qualidade dos serviços prestados. Como consequência, muitos pacientes que poderiam ser atendidos em Biguaçu estão sendo redirecionados para outras cidades, como Santo Amaro da Imperatriz, Penha, Tijucas, Hospital Regional e Carmela.
Circulam, inclusive, comentários sobre o salário do diretor geral da unidade, que seria significativamente superior ao do próprio Secretário Municipal de Saúde, o que agrava ainda mais a insatisfação.
Esse impasse entre a Prefeitura e a São Camilo coloca em risco o atendimento à população de Biguaçu, que depende dos serviços do hospital para suas necessidades de saúde. A resolução desse conflito se faz urgente para garantir que os recursos públicos sejam utilizados de maneira transparente e eficiente, em benefício de todos.